quarta-feira, 14 de setembro de 2011

E por vezes as noites duram meses
E por vezes os meses oceanos
E por vezes os braços que apertamos
nunca mais são os mesmos E por vezes




encontramos de nós em poucos meses
o que a noite nos fez em muitos anos
E por vezes fingimos que lembramos
E por vezes lembramos que por vezes




ao tomarmos o gosto aos oceanos
só o sarro das noites não dos meses
lá no fundo dos copos encontramos




E por vezes sorrimos ou choramos
E por vezes por vezes ah por vezes
num segundo se evolam tantos anos








David Mourão-Ferreira

1927-1996



Obra Poética 1948-1988

David Mourão-Ferreira

Editorial Presença

terça-feira, 13 de setembro de 2011

sou uma merda mesmo

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

as palavras não fazem dançar


as palavras não valem nada. são um pálido reflexo daquilo que a nossa alma quer dizer mas nunca diz realmente. somos um pote de coisas que pensamos a encher constantemente. entupimos a nossa matéria a cada minuto. podemos reagir ao som das palavras que nos dizem mas nunca reagimos inteiramente porque não sentimos o seu verdadeiro conteúdo. sabemos que quando nos gritam faz sentir coisas más e que quando nos susurram faz sentir coisas boas. tudo o que a isso é intermédio somos um túnel vazio por onde passeia o alfabeto. isso e mais nada.

só os poetas chegam onde mais ninguém consegue. só os bons poetas mas nem esses nos fazem dançar.

domingo, 4 de setembro de 2011



foi o verão que levou com ele as pedras da nossa estrada.
assim sem chão resolvemos voar.

passo