domingo, 30 de janeiro de 2011
o escuro
ela não poupa energia porque dança à volta de uma lâmpada antiga.
ela acende o que eu apago.
ela acende o que eu apago.
quinta-feira, 27 de janeiro de 2011
quarta-feira, 26 de janeiro de 2011
borda d' água
desenhar é esgravatar sentidos na alma das coisas.
peso, forma e volume se agigantam dentro das unhas sujas.
a terra dá o que os poetas sonham.
peso, forma e volume se agigantam dentro das unhas sujas.
a terra dá o que os poetas sonham.
terça-feira, 25 de janeiro de 2011
dizia assim:
quase sempre sou quase tudo
mas quase nunca o suficiente
para ser o bastante.
e depois também dizia assim:
um dia vais querer abrir a porta que fechaste
e se deus quiser ou outro amparador de almas qualquer,
vais entalar a mão que não me deste.
mas quase nunca o suficiente
para ser o bastante.
e depois também dizia assim:
um dia vais querer abrir a porta que fechaste
e se deus quiser ou outro amparador de almas qualquer,
vais entalar a mão que não me deste.
segunda-feira, 24 de janeiro de 2011
quinta-feira, 20 de janeiro de 2011
terça-feira, 18 de janeiro de 2011
segunda-feira, 17 de janeiro de 2011
ouvir melhor.
perdes as palavras quando precisas de ouvir. distrais-te com facilidade e eu ando atrás de ti como no parque a ver se não cais do baloiço. de cá para lá é um instantinho enquanto te perco. sua enguia, não vês que a beira do rio não é estar com os pés dentro de água?
digo eu em grego por isso ouve melhor.
digo eu em grego por isso ouve melhor.
quarta-feira, 12 de janeiro de 2011
terça-feira, 11 de janeiro de 2011
morte súbita
quem imaginava que te parava o coração aos cinco minutos do segundo tempo?
- eu, disse olhando o campo.
- eu, disse olhando o campo.
mutação
auto da confissão (também não é um stand automóvel)
tanto me faz que alguém mude do pé para a mão
desde que não ponha o fígado no lugar do coração.
segunda-feira, 10 de janeiro de 2011
sexta-feira, 7 de janeiro de 2011
carta nº2
queria falar-te que tudo corre bem e que a mãe foi operada. não é nada de complicado, apenas uma pequena cirurgia. perguntar-te como está a avó será uma redundância, espero que ela esteja a tomar conta de ti como de resto sempre tomou. de todos nós eu diria.
não sei se tens frio mas o inverno passeia-se por aqui ameno, mas tu sabes como é alcobaça, nunca se pode garantir frio no frio nem calor no calor. não sei como anda o sporting e para te ser sincera não tenho paciência para saber. sempre achei uma certa graça ao teu clubismo doentio e tenho que confessar que tinha muito orgulho em não seres como os outros todos, do benfica. não pelo benfica mas por não seres da maioria. como se a maioria alguma vez te assentasse bem. tenho pena que já não tenhas o prazer de dar festinhas nos animais como tanto gostavas. eu dou por ti, não te importes se aí não deres. ontem vi aquele desenho que te fiz quando era pequenina e tive a mesma sensação de cada vez que o vejo, de ser bom fazer-te uma surpresa mesmo que aparentemente não ligasses a essas coisas mariquinhas. porque tu és homem. dos típicos, daqueles a quem não lhes ocorre absolutamente mais nada a não ser o facto de serem homens. gostava que tivesses sido mulher. podias ter sido a minha mãe e ela podia ter sido tu. serias a mesma força da natureza. incomparável, não tenho dúvidas. podíamos ter conversado mais, tu sabias bem que eu te adorava. assim como eu também sabia. nunca me disseste e eu nunca te levei a mal porque eu sabia que éramos iguais. mas tu foste embora e eu agora tenho que ser os dois.
p.s. escrevo-te mesmo sabendo que isso possa ser rídiculo.
não sei se tens frio mas o inverno passeia-se por aqui ameno, mas tu sabes como é alcobaça, nunca se pode garantir frio no frio nem calor no calor. não sei como anda o sporting e para te ser sincera não tenho paciência para saber. sempre achei uma certa graça ao teu clubismo doentio e tenho que confessar que tinha muito orgulho em não seres como os outros todos, do benfica. não pelo benfica mas por não seres da maioria. como se a maioria alguma vez te assentasse bem. tenho pena que já não tenhas o prazer de dar festinhas nos animais como tanto gostavas. eu dou por ti, não te importes se aí não deres. ontem vi aquele desenho que te fiz quando era pequenina e tive a mesma sensação de cada vez que o vejo, de ser bom fazer-te uma surpresa mesmo que aparentemente não ligasses a essas coisas mariquinhas. porque tu és homem. dos típicos, daqueles a quem não lhes ocorre absolutamente mais nada a não ser o facto de serem homens. gostava que tivesses sido mulher. podias ter sido a minha mãe e ela podia ter sido tu. serias a mesma força da natureza. incomparável, não tenho dúvidas. podíamos ter conversado mais, tu sabias bem que eu te adorava. assim como eu também sabia. nunca me disseste e eu nunca te levei a mal porque eu sabia que éramos iguais. mas tu foste embora e eu agora tenho que ser os dois.
p.s. escrevo-te mesmo sabendo que isso possa ser rídiculo.
domingo, 2 de janeiro de 2011
sossego
tudo o que em ti se acende em ti se apaga e se volta a acender. tens uma montanha dentro do teu peito e eu umas botas de escalada. de noite vou lá ver as estrelas e guardar os carneiros que roubei sorrateiramente ao teu sono. o teu chão é macio e quente, vem de pés descalços. vais gostar de lá ir, afinal é um sossego.
post it
as letras aninham-se umas nas outras como bichos. eu nelas me aninho. sopram bocadinhos de lã fiada e é nesta camisola que me aqueço. teço sem explicação e sem verdade. e sem mentira também. é o inverso da água parada.
é a apoteose do acaso. é um fogo de artíficio em junho, recado escrito no céu.
é a apoteose do acaso. é um fogo de artíficio em junho, recado escrito no céu.
correcto
tento cienciar o brilho, a chuva fininha e o rasto de uma nuvem. nada se confirma nem apaga e a felicidade espelha-se pelo meu corpo abaixo. infinito é o mistério de nada saber a não ser que tenho sede e que é água que me falta. os adornos da filosofia são contas enfiadas num colar. objecto vulgar da semi-vaidade.
cada silêncio é uma resposta certa de vinte valores.
cada silêncio é uma resposta certa de vinte valores.
geografia
no fundo dos olhos há um quintal. atrás de mim um rio que lava lençois brancos. à minha frente moram casas.
dentro delas moram muros que subo para ver céus mais de perto. tudo o que gira em torno do mundo se parece irremiavelmente com abraços prolongados. dias de braços curtos são dias fora do mundo onde cada segundo é um ano bissexto de coisa nenhuma. ninguém nasce nem ninguém morre neste quintal. é um eterno ficar-parado a subir.
dentro delas moram muros que subo para ver céus mais de perto. tudo o que gira em torno do mundo se parece irremiavelmente com abraços prolongados. dias de braços curtos são dias fora do mundo onde cada segundo é um ano bissexto de coisa nenhuma. ninguém nasce nem ninguém morre neste quintal. é um eterno ficar-parado a subir.
de cor
o corpo fala de coisas espalhadas no chão do jardim como se não lhe faltassem letras no teclado.
letras não morrem apenas são enterradas nas passadas pela terra macia. o corpo fala com a língua da pele e pela madrugada fora coleciona estrelas que se acendem fora do brilho delas, no brilho do corpo.
dicionários encavalitam-se nas bibliotecas à procura do teu significado. tens um adjectivo à mesa de cabeceira que não usas a não ser em dias que procuras a tua pele. uma romã cresce-te então no epicentro voraz da quietude.
tu comes e às vezes divides.
letras não morrem apenas são enterradas nas passadas pela terra macia. o corpo fala com a língua da pele e pela madrugada fora coleciona estrelas que se acendem fora do brilho delas, no brilho do corpo.
dicionários encavalitam-se nas bibliotecas à procura do teu significado. tens um adjectivo à mesa de cabeceira que não usas a não ser em dias que procuras a tua pele. uma romã cresce-te então no epicentro voraz da quietude.
tu comes e às vezes divides.
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