domingo, 10 de março de 2013

Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,
Define com perfil e ser
Este fulgor baço da terra
Que é Portugal a entristecer 
Nem rei nem lei, nem paz nem guerra.
Nem rei nem lei, nem paz nem guerra.

Brilho sem luz e sem arder,
Como o que o fogo-fátuo encerra.
Ninguém sabe que coisa quer.
Ninguém conhece que alma tem,
Nem rei nem lei, nem paz nem guerra.
Nem rei nem lei, nem paz nem guerra.

Nem o que é mal nem o que é bem.
(Que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro...
Ó Portugal, hoje és nevoeiro...
É a Hora!


Nevoeiro, Fernando Pessoa


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