sábado, 20 de agosto de 2011

primeiro dia de obras num sábado à tarde

porque há momentos em que a nossa casa adoece. primeiro aprodece o sotão e depois os bichos vão comendo tudo devagarinho até chegarem às unhas dos pés, o chão que lembramos sempre como a cozinha da casa da avó. e porque há momentos em que a casa se parte em dois de um sopro e ficamos metade para cada lado ali caídos como uma folha no outono. separa-se o branco do preto, o bem do mal, o amargo do doce e somos só meia gente como quem não termina as palavr.

a nossa casa tinha tanta vida quando ainda não tinha morrido de saudades. tomou um comprido para dormir e morreu como nos romances. só que não morreu, mumificou a fingir num instante contínuo. assim como um para sempre parado.

precisas de obras, pensas. e talvez tenhas razão.

é preciso abrir um buraco na parede para entrar o sol, caiar por fora. mudar o chão do quarto e não me venhas com essa desculpa moderna de que o dinheiro não chega para nada.

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